No início da entrevista, ao comentar sobre o debate entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), Dias afirmou: "Ela devia falar mais ainda [sobre emprego]. O emprego é o grande sucesso deste governo", disse.
Apesar disso, geração de emprego no ano, de janeiro a setembro, 31,6% menor que o resultado do mesmo período do ano passado. Ainda assim, o ministro afirmou que o Brasil está vivendo um momento de altos investimentos. Dias ainda chamou atenção à criação de 5,784 milhões de vagas no governo Dilma. "Ao fim do ano, chegará a 6 milhões. É um número de sucesso comparado com o mundo", disse.
A geração de empregos em setembro foi a mais baixa para o mês desde o início do governo petista. O saldo líquido de empregos formais gerados em setembro foi de 123.785, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta quarta-feira, 15, pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Para meses de setembro, o resultado foi o mais baixo desde 2001, com a geração de 80.028 postos. Depois disso, a geração no mês sempre superou os 150 mil. O saldo do mês passado é resultado de 1.770.429 admissões e de 1.646.644 demissões. No acumulado do ano, houve uma criação líquida de empregos formais de 904.913.
A geração de empregos no mês passado foi 41,35% menor do que em setembro de 2013, quando ficou em 211.068 pela série sem ajuste. Já pela série ajustada, houve queda de 51,96% na comparação com o mesmo mês de 2013, quando o volume de vagas criadas foi de 257.668. A série sem ajuste considera apenas o envio de dados pelas empresas dentro do prazo determinado pelo MTE. Após esse período há um ajuste da série histórica, quando as empregadoras enviam as informações atualizadas para o governo.
Expectativa frustrada
A geração de postos de trabalho em agosto foi 101,4 mil. No mês passado, a menos de um mês do primeiro turno das eleições, o governo federal antecipou a divulgação dos dados Caged. Apesar de a criação de postos de trabalho em agosto de 2014 ter sido menor que a de agosto de 2013, ela se tornou o resultado mais recente disponível e "apagou" o resultado de julho, quando a geração de empregos no Brasil registrou o pior saldo para o mês desde 1999, com apenas 11,7 mil postos criados. Na ocasião, o ministro disse que o quadro iria melhorar nos meses seguintes. "Chegamos ao fundo do poço, agora vamos continuar recuperando a geração de emprego", previu, alegando que agosto e setembro são meses bons para o emprego.
Mais uma vez o setor de serviços se destacou.
Em setembro, houve criação de 62.378 vaga nas área, segundo o Caged. No comércio, foram abertas 36.409 vagas e na indústria, 24.837 postos de trabalho formal. A construção civil gerou 8.437 vagas.
O diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, avaliou ontem que o Brasil continua gerando empregos formais, diferente de outros países, mas reconheceu que houve uma perda do dinamismo na criação de postos de trabalho. Ao comentar o Caged, o especialista disse que o saldo líquido de vagas com carteira assinada é "consistente" com a dinâmica da economia atual. /Estadão Conteúdo