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O caos da mobilidade na Grande Vitória
 
13.10.2025   A Tribuna
Notícia - Imprensa

O caos diário nas ruas de Vitória e Vila Velha é um reflexo direto de um problema estrutural: a falta de uma gestão de trânsito profissional e autônoma. Enquanto a maioria das capitais brasileiras evoluiu, criando autarquias ou empresas públicas dedicadas a essa complexa tarefa, Vitória e Vila Velha permanecem estagnadas, gerindo sua mobilidade por meio de secretaria municipal.

Essa diferença não é trivial. Muitas capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte têm órgãos como a CET, CET-Rio e BHTrans, respectivamente, com centros de controle de operações (CCO) que gerenciam o trânsito em tempo real. Esses centros são essenciais para otimizar semáforos e orientar motoristas, algo inexistente em Vitória e em Vila Velha, que enfrentam desafios semelhantes. A falta de um corpo técnico é gritante: a capital sequer conta com um engenheiro de tráfego em seu quadro de funcionários.

Vale lembrar que Vila Velha é a cidade vizinha que mais contribui para o trânsito da capital. O fluxo pendular diário entre as duas cidades é um desafio adicional para um planejamento inteligente.

A consequência de uma gestão deficiente, tanto em Vitória como em Vila Velha, é um trânsito caótico, com gargalos constantes. Um exemplo singelo e crônico é o acesso à Terceira Ponte na Clovis Machado, na Enseada do Suá, assim como o gargalo na Praça do Cauê. São problemas de engenharia de tráfego básicos que, por falta de planejamento e de uma visão técnica especializada, continuam a causar transtornos diários.

Além disso, a gestão do trânsito em Vitória é agravada pela falta de agentes de trânsito dedicados. Em um modelo equivocado, a fiscalização e a operação do trânsito foram unificadas à Guarda Municipal. O resultado é a ausência de um corpo de agentes especializados em trânsito, focados exclusivamente em fiscalização, educação e ordenamento do fluxo de veículos e pedestres. Essa divisão de responsabilidades prejudica a eficiência e a capacidade de resposta a incidentes.

É importante pontuar que essa situação na capital contrasta com seu potencial financeiro. Afinal, Vitória está no TOP 3 do ranking das capitais com maior orçamento público per capita do Brasil. Esse fato levanta a questão de como esses recursos estão sendo alocados e por que a mobilidade urbana, um pilar essencial para o desenvolvimento, ainda não foi priorizada com a criação de uma estrutura profissional.

A necessidade de uma nova ligação viária entre Vitória e Vila Velha é uma pauta óbvia e urgente. No entanto, diante da percepção de que a mobilidade não está na agenda de prioridades de nenhum dos dois governos, e da ausência de um corpo técnico especializado, essa necessidade provavelmente será um sonho para as próximas gerações.

Para que a mobilidade na Grande Vitória se torne sustentável, é fundamental que a gestão do trânsito seja elevada a outro patamar, não apenas em Vitória, mas também em Vila Velha. A criação de uma autarquia ou empresa pública, com autonomia e um corpo técnico especializado, é o primeiro passo para tirar as cidades desse cenário de estagnação na mobilidade.

EDUARDO BORGES é diretor de Economia e Estatística no Sinduscon-ES

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